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Oito dos nove estados do Nordeste têm municípios em emergência por causa da seca ou estiagem

A falta de chuva castiga diversos municípios em quase todo o Nordeste brasileiro. Dos nove estados da região, oito têm municípios em situação de emergência por causa da seca ou estiagem reconhecida pelo Governo Federal.

Segundo levantamento atualizado nessa terça-feira (15) junto ao Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (SINPDEC), são 486 municípios com decreto de emergência vigente. Veja abaixo a quantidade em cada estado:

Alagoas: 39

Bahia: 50

Ceará: 38

Maranhão: Sem registro. Nenhum processo com prazo de vigência encontrado.

Paraíba: 196

Pernambuco: 14

Piauí: 50

Rio Grande do Norte: 88

Sergipe: 11

A emergência é decretada quando começa a faltar água para o básico, principalmente para beber. A estiagem afeta também a alimentação dos animais, que muita vezes são a fonte de renda das famílias sertanejas.

“Quando falta comida pra os bichinhos, aí a gente tem que caçar um jeito de serrar capim onde tem e botar pra os bichos comer”, lamenta o agricultor Cícero Soares dos Prazeres.

O drama de quem depende exclusivamente da chuva é ainda pior. Em Pariconha, no Sertão de Alagoas, agricultores vivem a apenas 500 metros de distância do Canal do Sertão, mas não conseguem levar a água de lá para irrigar as suas propriedades por falta de dinheiro para encanação.

“Chove uma pequena quantidade, pode até deixar a vegetação verde, porém, não tem água suficiente para encher as cisternas, não tem água suficiente para encher os açudes, não tem água suficiente para trazer vida ao local”, explica o major Rômulo Guedes, assessor-técnico da Defesa Civil de Alagoas.

Nestes casos, a ajuda vem por meio do abastecimento de cisternas por caminhões-pipa. Além da operação coordenada pelo Exército, as prefeituras também contratam carros-pipa para dar conta do abastecimento da população.

“Se a água passa perto, a gente não tem condições de fazer uma irrigação para puxar para uma rocinha que a gente plante”, lamenta o agricultor Ernando dos Santos.

O Canal do Sertão alagoano leva água do Rio São Francisco a 26 municípios do Sertão e 16 municípios do Agreste. A obra melhorou o abastecimento na região, mas, sem dinheiro, muitos agricultores ainda veem a produção de alimentos dependente das poucas chuvas.

A gestão do canal no estado é feita de forma compartilhada entre a Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), responsável pelas obras e serviços de engenharia e manutenção; a Secretaria Estadual Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), responsável pela gestão e uso da água, como emissão das outorgas do direto de uso da água; e a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), responsável pelo Desenvolvimento da agricultura irrigada em sua área de influência.

A Secretaria de Agricultura disse que existem mais de mil produtores com autorização de uso da água do canal para irrigação e consumo, e que vai distribuir em breve kits de irrigação para agricultores familiares.

Enquanto não recebem os kits, os agricultores põem toda a confiança nas chuvas, que prometem chegar no outono e no inverno.

A Semarh, contudo, ressalta que garante água para os mais variados usos a partir dos 123 km do Canal do Sertão alagoano nos quatro trechos que estão em operação, captando água para reforçar o abastecimento nas cidades de Água Branca, Delmiro Gouveia, Inhapi, Mata Grande, Olho d’Água do Casado, Pariconha e Piranhas.

Sobre o trecho V do canal, a Seinfra disse que a ordem de serviço para o início das obras será dada ainda em março, mas não divulgou a data. O trecho V vai passar pelos municípios alagoanos de São José da Tapera, Monteirópolis e Olho D’Água das Flores. O prazo de execução é de 27 meses.

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