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Defesas de réus da suposta trama golpista questionam delação de Cid e atuação de Moraes no segundo dia de julgamento

No segundo dia do julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista, a defesa de Jair Bolsonaro (PL) contestou nesta quarta-feira (3) as acusações que ligam o ex-presidente aos atos de 8 de Janeiro e a um suposto plano golpista. A sessão, realizada apenas na parte da manhã, durou quase quatro horas. O julgamento será retomado na próxima terça-feira (9), a partir das 9h, com o voto dos ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados pediram a absolvição de Bolsonaro, Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, contestando principalmente a credibilidade da delação de Mauro Cid, apontando contradições, omissões e suposta coação no acordo, além de questionarem o acesso limitado às provas e o alegado cerceamento da defesa.

Os advogados de Bolsonaro, Celso Vilardi e Paulo Cunha Bueno, destacaram que não há provas que conectem o ex-presidente ao Punhal Verde e Amarelo, à Operação Luneta ou aos ataques de 8 de Janeiro. A defesa também questionou a credibilidade da delação de Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, apontando contradições, omissões e suposta coação no acordo. “Essa minuta, esse depoimento, não há uma única prova que atrele o presidente à Operação Luneta, ao Punhal Verde e Amarelo e ao 8 de Janeiro. Nem o delator afirma participação de Bolsonaro nesses atos”, afirmou Vilardi. Segundo o advogado, Cid mudou diversas vezes sua versão, o que comprometeria a validade da colaboração premiada.

A defesa criticou ainda o acesso limitado às provas, que somam mais de 70 terabytes de dados, e afirmou que o processo avançou rapidamente, dificultando a análise completa das informações e caracterizando cerceamento de defesa. Vilardi também disse que Bolsonaro não discutiu qualquer minuta golpista com os comandantes das Forças Armadas e que todas as medidas citadas na denúncia estavam previstas na Constituição.

Além disso, os advogados destacaram que Bolsonaro colaborou com a transição de governo em 2022, garantindo comunicação entre os comandantes militares e o ministro da Defesa nomeado por Lula, José Múcio Monteiro, e orientando caminhoneiros que bloquearam rodovias a liberarem as estradas após a eleição. Outros réus também tiveram suas defesas apresentadas. O advogado de Braga Netto contestou a delação de Mauro Cid, afirmando que o documento apresenta vícios, falta de provas concretas e que o colaborador foi pressionado a “aceitar a narrativa”. A defesa pediu a absolvição do general e destacou que acusações baseadas apenas em prints e relatos inconsistentes não podem sustentar penas de 20 a 30 anos.