Marília Arraes aborda afastamento de Luciano Duque e comenta movimentações políticas em entrevista à Rádio Folha
Nesta sexta-feira (24), Marília Arraes participou de uma entrevista à Rádio Folha, onde falou sobre o afastamento do deputado Luciano Duque, além de abordar questões políticas e estratégicas relacionadas ao cenário atual. Marília relembrou momentos significativos de sua trajetória política ao lado de Duque.
“Eu e Luciano Duque estivemos juntos em vários momentos da minha trajetória política. Eu sou muito grata a ele por ter me acompanhado, mas também contribuí bastante com a trajetória dele. Ele inclusive se projetou como uma liderança mais regional e estadual depois da aliança comigo, porque antes ele tinha sido uma pessoa que tinha sido eleita pelo Carlos Evandro, que era prefeito, do qual ele foi vice. Ele se projetou justamente com a nossa pré-campanha de 2017 a 2018”, destacou Marília Arraes.
A deputada também ressaltou sua atuação como a parlamentar que mais contribuiu para Serra Talhada. “Quando fui eleita deputada federal, tive a oportunidade de ser a deputada que mais contribuiu com Serra Talhada. Hoje, inclusive, estão sendo inauguradas muitas obras frutos de emendas do meu mandato como deputada federal. Nós enviamos recursos para calçar quase 200 ruas de Serra Talhada, recursos para a saúde e para o enfrentamento a diversas questões”, explicou.
No entanto, Marília relatou que o relacionamento político com Luciano Duque começou a deteriorar em julho do ano passado, quando Duque cortou contato abruptamente e iniciou uma aproximação com a governadora. “O deputado Luciano Duque sempre foi muito taxativo, dizendo que não seria candidato de maneira alguma. Em julho do ano passado, ele cortou contato comigo, até hoje eu não entendi a razão, não falou mais nada e, ao mesmo tempo, iniciou um processo de aproximação com a governadora. Eu respeito muito isso, mas ele nunca explicou e até hoje eu também desconheço qual a estratégia”, afirmou Marília.
A situação agravou-se quando Duque decidiu filiar seu grupo político ao Podemos, sem consultar Marília ou o partido Solidariedade. “Ele inclusive deu entrevista no dia 2 de agosto dizendo que toda a bancada do Solidariedade iria para a base de governo da governadora e fez vários elogios ao governo. Logo depois disso, Lula Cabral me ligou e disse que não autorizava. Disse que ele não iria para a bancada de governo. Eu perguntei sobre a estratégia dele, mas nada foi conversado comigo. Logo adiante, ele esvaziou o Solidariedade em Serra Talhada e filiou o grupo político dele ao Podemos, inclusive o próprio filho dele. Eu acho que isso poderia até ser uma estratégia, mas ele não me explicou porque adotou essa estratégia e ao longo desses meses todos ele tomou várias atitudes sem nenhum debate comigo”, desabafou Marília.
Marília mencionou ainda que, apesar de não haver diálogo, Duque voltou a procurá-la em março, comunicando sua intenção de ser candidato e querendo saber a posição do partido. “Ele me procurou simplesmente dizendo que queria ser candidato e querendo saber qual era a posição do partido. Minha resposta foi que eu precisava conversar com um conjunto de forças do qual nós fazíamos parte hoje para tomar essa decisão. Ele disse que queria um prazo, mas eu disse que não tinha como entregar um prazo, porque ele me pegou de surpresa”, revelou.
Ela também abordou as conversas que tem mantido com outras lideranças políticas, incluindo o presidente Lula, sobre estratégias para os municípios prioritários para o PT. “Temos feito essas conversas, até com o próprio presidente Lula, quando ele esteve aqui, conversei com ele sobre o meu posicionamento nos municípios prioritários para o PT, com outras forças também, com o próprio PSB. Em alguns municípios estamos juntos, em outros não, e Serra Talhada é um deles. Infelizmente, Luciano não estabeleceu esse diálogo conosco”, explicou Marília.
A deputada criticou a atitude de Duque ao lançar sua candidatura sem consultar o partido. “Para mim, está muito claro qual a estratégia. Ele não quer ser candidato, o que ele quer é tentar buscar uma vitimização para chamar a atenção e quem sabe ajudar na próxima eleição dele, já que ele não terá o apoio da prefeitura de Serra Talhada, caso ele não consiga ser candidato. Então, é algo inusitado. Como é que você entra em rota de coalizão com o partido, com as lideranças do partido, lança uma candidatura e tenta empurrar as coisas goela abaixo? Não funciona assim nem comigo nem com ninguém”, criticou Marília.
A respeito da saída de Duque do PT, Marília explicou que foi um convite seu para que ele tivesse um ambiente partidário melhor. “Eu o convidei com essa possibilidade de ele ter um ambiente partidário melhor, de ele se integrar, de ele participar do comando do partido. E também porque comigo, com a nossa chapa, ele tinha uma clareza maior de quem seriam os candidatos. Na época, a federação não expunha qual seria a chapa de disputa realmente. Então foi nesse contexto que ele saiu”, explicou Marília.
Marília finalizou a entrevista comentando sobre a necessidade de diálogo e construção conjunta na política. “Uma das últimas vezes que estive com ele foi na festa da Pedra do Reino. Ele estava muito irritado comigo porque eu estava tentando proceder um diálogo com João Campos. Ele disse que não iria de jeito nenhum. Então, é difícil. A gente não pode fazer política no isolamento quando tem a opção de conversar e dialogar”, concluiu.
Questionada sobre a possível confirmação de seu apoio à reeleição da prefeita Márcia Conrado, Marília manteve a expectativa: “Vamos esperar então dia 1º”, disse, referindo-se ao anúncio oficial que seria feito em Serra Talhado, segundo a jornalista.