Do Pajeú para o mundo: luta indígena é destaque em novo disco de banda de rock pernambucana

“Cor de Brasa”, segundo álbum da banda Ambrosino, traz à tona o protesto
contra a agressão aos povos originários; faixas já estão disponíveis nas
plataformas de música
A luta indígena contra a violência acabou de ganhar mais uma voz. Ou vozes, na
verdade. Isso porque a banda de rock pernambucana Ambrosino lançou o seu novo
disco, muito inspirado na luta contra o apagamento dos povos originários. Natural de
Triunfo, no Sertão do Pajeú, o grupo consolida esta ideia com sua principal faixa, “Triste
Bandeira”, com letras e arranjos que fazem referência a esta luta. “Cor de Brasa” é o
título do projeto, o segundo disco da banda, que teve sua produção iniciada ainda em
2020, com a criação das primeiras composições: “Prole” e “Nuvem de Fumaça
Guerrilheira”. O projeto conta com participações especiais de Cannibal, da Banda
Devotos; Yuri Queiroga; Dani Carmesin e Dengue, da Nação Zumbi.
O nome do lançamento faz alusão a cor interna do Pau-Brasil – vermelho, cor de brasa
– elemento tão desejado pelos europeus na chegada ao nosso país, assim como o
derramamento de sangue indígena. A sonoridade do disco é pesada, eletrônica, poética
e sensível aos acontecimentos históricos de Triunfo, do Brasil e do Mundo. Através de
um processo criativo intenso, o trio PH Morais (vocalista), Kainan Santos (guitarrista) e
Rubens Santos (baixista) entenderam claramente o caminho de “Cor de Brasa”. “Nossa
essência sempre foi ter um olhar carinhoso e indignado aos desfavorecidos e na hora
de conceber o disco todos nós queríamos algo que, mais uma vez, fizesse o público
refletir. A luta indígena é injusta, desleal. Essa histórica violência contra um povo que é
dono legítimo da terra tem que ser constantemente lembrada e rechaçada. Estamos
lidando com um grave problema social e por isso temos estas mensagens em nossas
músicas”, enfatiza PH Morais.
Com raízes no Oásis do Sertão, o conjunto surgiu em 1997 como o grupo de dança e
música Ambrosino Martins. O nome foi inspirado em um brincante de La Ursa, cantador
de novenas e precursor dos festejos folclóricos do município. Após três anos, a banda
foi oficializada e o nome, que carrega o legado de “Seu Ambrosino”, permaneceu – com
ele sendo homenageado ainda em vida (o falecimento dele foi em 2000). A Fundação
Cultural de Triunfo também carrega o seu nome.
“Homenagear Ambrosino Martins é uma obrigação para qualquer triunfense, por tudo o
que ele fez por nossa cultura e nossa história. Carregar seu nome na nossa banda
reflete nossa luta, em um cenário repleto de desafios para quem produz música autoral
em pleno Sertão. No ‘Cor de Brasa’, seguimos firmes nesse caminho, tendo como norte
a luta, desta vez também em favor do povo indígena – e muitas outras lutas”, destaca o
guitarrista Kainan.

Gravado no estúdio Novo Mundo, em Olinda, o álbum “Cor e Brasa” já pode ser
conferido nas plataformas de música – trazendo elementos como zabumba, beats,
pandeiro, guitarras e, claro, a poesia do Sertão do Pajeú. “Continuamos fortes, apesar
das dificuldades, para levar uma música que conscientiza ao público. Eu, apesar de ser
natural de Salgueiro, tenho orgulho de estar em Triunfo. De trabalhar no Pajeú. Que ‘Cor
de Brasa’ possa contribuir com nossa sociedade e trazer reflexão. Viva o indígena! Viva
a arte! Viva o Pajeú!”, completa Rubens Santos. Para conhecer mais sobre a Banda
Ambrosino basta acessar o Instagram do grupo: @ambrosino_oficial