Pernambuco

Alunos de medicina da UPE tentam se formar antecipadamente para ajudar no combate à Covid-19

Diante da taxa de ocupação média em 89% na rede pública de Saúde, agravada pela pandemia da Covid-19, um grupo de estudantes do curso de Medicina da Universidade de Pernambuco (UPE) tenta antecipar a formatura da graduação, conforme estabelece a Lei nº 14.040, de 18 de agosto de 2020. A Lei, adotada durante o estado de calamidade pública desde março do ano passado, permite que os estudantes que tiverem cursado 75% da carga horária do internato da graduação de medicina podem antecipar a conclusão. Os estudantes, contudo, alegam que a Faculdade de Ciências Médicas (FCM-UPE) negou a antecipação da formatura ao grupo. Procurada pelo Diario, a diretoria da FCM disse que não vai comentar sobre o assunto no momento.

“No ano passado, em agosto, a turma 104, anterior a nossa, conseguiu realizar a formatura antecipadamente. Naquele momento, até então, era o pior cenário da pandemia. Mas agora está pior do que no ano passado. A gente entende que a resposta lógica da Universidade seria permitir a nossa formatura. É isso que a sociedade espera, que se entregue médicos para atuar neste momento, que é o pior momento da pandemia aqui no estado”, enfatiza o universitário Paulo Ferreira, de 23 anos, que é membro da Comissão para Antecipação da Formatura da Turma 105 da Universidade.

Os estudantes que integram a comissão relatam que duas turmas foram contempladas com a lei: a 103 e a 104, que teve seis meses adiantados em sua formatura. O grupo ressaltou que o curso de Medicina da campi de Garanhuns, no Agreste, também antecipou a formatura de seus alunos nas mesmas condições e o campi Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, sinaliza seguir o mesmo caminho.

“Em relação ao que temos de histórico, temos os nossos colegas que são da turma 103 e 104, que conseguiram antecipação, por conta da pandemia. Este ano alunos da UPE de Garanhuns já conseguiram se formar e estão ajudando todo o Agreste. A turma de Serra Talhada também pretende se formar e não existe uma oposição até onde a gente sabe. As turmas de enfermagem e odontologia já se formaram este ano. E só a gente está nessa negativa”, relata o universitário André Tenório, de 25 anos, que também integra a Comissão de Formatura.

O internato em Medicina compreende os últimos dois anos do curso, com duração de 24 meses, sendo que 75% deste período correspondem a 18 meses. Em texto divulgado à imprensa, a comissão dos estudantes explicou que o internato da turma começou em 7 julho de 2019, e que neste ano, seria completado o período de 75%, no dia 3 de maio.

“Paralisamos nossas atividades em 23/03/2020, quando já havíamos completado nove meses de rodízios do internato. Após meses parados, retornamos às atividades em 24/08/2020. No dia 03/05/2021, teremos completado mais nove meses de rodízios do internato, totalizando 18 meses. O internato em Medicina compreende os últimos dois anos do curso (24 meses), sendo que 75% deste período correspondem a, exatamente, 18 meses, a serem completados no dia 03/05/2021”, informa o texto.

O Diario questionou a situação à Universidade de Pernambuco (UPE), para entender se de fato o pedido havia sido negado aos estudantes. Em resposta, a diretoria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-UPE) disse que não iria comentar sobre o assunto.

Numa nova tentativa, a comissão do grupo de estudantes solicitará a antecipação da formatura ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da Universidade, numa reunião nesta quinta-feira (29), na qual os universitários da 105ª turma de Medicina do Campus Recife da UPE apresentarão a demanda do grupo.

“É uma questão necessária, pois os médicos mais antigos não pegam os plantões de Covid-19, apenas os mais novos. Porque é um plantão muito trabalhoso e cansativo, e isso se mostra na quantidade de propostas de emprego que temos”, destaca o universitário André Tenório.

“O que entendo é que nós temos a capacidade técnica e que a gente deve, mais do que pode, auxiliar nesse momento em que os hospitais estão tão lotados e tão caóticos”, finaliza o universitário Paulo Ferreira.

De acordo com os últimos dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), Pernambuco totaliza 402.157 casos confirmados da doença, sendo 39.869 graves e 362.288 leves. Desses, um total de 340.651 pacientes estão recuperados da doença. Até o momento 13.868 pessoas foram a óbito pela doença no estado.

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