Brasil

Brasil tem sobra de energia, mas consumidor pagará mais caro para bancar subsídios embutidos na tarifa


No país que se orgulha de somente em 2023 ter aumentado a oferta de mais de 33,2 bilhões de kWh não deixa de ser surpreendente que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tenha determinado, na última sexta-feira, a volta da sobretaxa da bandeira amarela.

Para quem não sabe mais o que é isso basta dizer que a última vez em que houve cobrança extra na conta de luz foi em abril de 2022, Portanto, foram 26 meses de bandeira verde, sem valores extras.

O mais curioso é que a nota da Aneel tem uma explicação dizendo que a “previsão de chuvas abaixo da média até o final do ano” para justificar a adoção da bandeira amarela.

É uma situação bem estranha. O relatório anual da Empresa de Pesquisa Energética – EPE (que fez os cenários de 10 anos no setor) afirma que a participação de renováveis na matriz elétrica ficou em 89,2% em 2023. Apenas a geração solar fotovoltaica atingiu 50,6 bilhões de kWh (somando geração centralizada e das residências e empresas em telhados) crescendo 68,1%. Sua capacidade instalada alcançou 37.843 MW, numa expansão de 54,8% em relação a 2022.

Tem mais: Segundo a EPE, o consumo final de eletricidade no país em 2023 cresceu 5,2%. E os setores que mais contribuíram para este avanço em valores absolutos foram o residencial que cresceu 14,1 bilhões de kWh (+9,1%). O setor residencial foi também o que mais cresceu na geração própria de energia, instalando novos 29,34 MW em seus telhados.

O que a Aneel não explica convincentemente é como um país que registrou nos primeiros dias de março a marca de 190 gigawatts (GW) de capacidade instalada e não venha consumindo 47,03 GWh em maio de 2024 precisa cobrar mais caro.

Talvez porque precisasse mostrar que o que encarece a energia hoje não é apenas o preço da geração, porém os penduricalhos que o Governo foi agregando às contas dos consumidores além dos subsídios.

Isso o está pressionando porque no fundo o governo está obrigado a comprar energia mais cara mesmo que tenha sobra na capacidade de gerar energia. Ou seja: pelo que embutiu nas contas sob a forma de incentivos para a geração de energia. Inclusive energia limpa.

Do JC Online

Leave a Response