Polícia

Caso Beatriz: homem é denunciado por assassinar criança em escola do Sertão, após quase 7 anos

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou por homicídio triplamente qualificado, nesta quinta (1º), o homem que está preso pelo assassinato de Beatriz Angélica, de 7 anos. O crime aconteceu dentro de uma escola particular, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, em 2015.

Identificado e preso no início deste ano, Marcelo da Silva, de 40 anos, foi indiciado pela Polícia Civil, em julho, por homicídio qualificado. Segundo as investigações ele deu dez facadas na menina.

Beatriz Angélica foi morta em 10 de dezembro, quando estava na formatura da irmã, no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora.

Ela saiu do lado dos pais para beber água e desapareceu. Vídeos registraram o momento em que a menina saía da solenidade.

O corpo dela foi achado dentro de um depósito de material esportivo da instituição, com uma faca do tipo peixeira cravada na região do abdômen. A menina também tinha ferimentos no tórax, membros superiores e inferiores.

Por meio de nota, o MPPE informou que a denúncia do acusado foi feita pelo Grupo de Atuação Conjunta Especial (Gace), instituído pela Procuradoria-Geral de Justiça para acompanhar as investigações do caso, que aconteceu há quase sete anos.

Segundo o Ministério Público, foi feita a análise do inquérito policial, contendo 27 volumes e 5.831 páginas.

Marcelo da Silva foi denunciado por homicídio com as seguintes qualificadoras: motivo torpe, com emprego de meio cruel e mediante dissimulação, recurso que dificultou a defesa da vítima.

Também está prevista a causa de aumento de pena em um terço, pois o crime foi praticado contra pessoa menor de 14 anos.

Além da denúncia, o MPPE disse que é a favor da prisão preventiva de Marcelo da Silva. O Ministério Público entende que “essa medida é necessária para acautelar a ordem pública”.

O MPPE levou em conta a forma com o crime foi praticado, o que causou “temor social”. Também foi considerado o risco de o denunciado praticar novos crimes.

Informou, ainda, que acompanhou as investigações desde o seu início. O grupo especial foi criado em 10 de junho de 2016.

g1 entrou em contato com o advogado Rafael Nunes, que defende Marcelo da Silva. O defensor afirmou, em nota, que “a defesa vai se pronunciar em momento oportuno, após acesso ao relatório policial, e, bem como, a peça acusatória”.

 

Desvendando o crime

O caso Beatriz Angélica começou a ser solucionado em janeiro de 2022, pouco depois de o crime completar seis anos. Na época, a Polícia Científica afirmou que Marcelo da Silva confessou o assassinato.

A polícia esclareceu que chegou ao suspeito a partir de exames de DNA na faca usada no assassinato. Quando as autoridades fizeram o anúncio da descoberta, Marcelo da Silva já estava preso por outros crimes.

O DNA encontrado na faca foi comparado com o material genético de 124 pessoas consideradas suspeitas ao longo dos seis anos da investigação.

Todas essas amostras foram coletadas pelos peritos do Instituto de Genética Forense do estado, desde 2015. A perícia constatou que nenhuma delas tinha ligação com o crime.

Na primeira semana de janeiro, os dados coletados pelos peritos na faca utilizada no crime foram aprimorados, o que possibilitou a inclusão do perfil genético do assassino no Banco Estadual de Perfis Genéticos, da Polícia Científica.

Faca usada para matar a menina Beatriz Angélica foi peça-chave para coleta de material genético que identificou suspeito — Foto: Reprodução/TV Globo

Com isso, foi feito um cruzamento de informações em um programa de computador que reúne 14 mil cadastros de pessoas que estão ou já passaram pelo sistema prisional de Pernambuco.

O resultado apontou que o assassino de Beatriz Angélica é Marcelo da Silva. Na mesma semana, a polícia coletou novamente material genético de Marcelo e refez o cruzamento dos dados, chegando à mesma conclusão.

O laudo mostra que o perfil genético obtido a partir da amostra é compatível com o DNA da menina e do suspeito.

 

Demora

Desde a data do assassinato, foram realizadas sete perícias. O inquérito acumulou 900 horas de imagens analisadas. O caso passou por oito delegados.

Em dezembro de 2021, os pais da criança percorreram a pé mais de 700 quilômetros, entre Petrolina e o Recife, para pedir justiça, como mostra o vídeo abaixo.

O ato durou 23 dias e contou com apoio de autoridades municipais e dos moradores das cidades por onde eles passaram.

 

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