Saúde

Dia Mundial da Osteoporose: entenda por que mulheres são mais suscetíveis à doença

A osteoporose é uma doença caracterizada pela diminuição da massa óssea e deterioração do tecido ósseo, podendo levar ao aumento da fragilidade dos ossos e o risco de fraturas.

As complicações clínicas da osteoporose incluem não só fraturas, mas também dor crônica, depressão, deformidade, perda da independência e aumento da mortalidade.

De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 50% das mulheres e 20% dos homens com idade igual ou superior a 50 anos sofrerão uma fratura
osteoporótica ao longo da vida. Ainda segundo o ministério da Saúde, para cada homem que sofre com a osteoporose, três mulheres apresentam a doença.

No Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas convivem com a osteoporose, mas cerca de 2 milhões sabem que têm a enfermidade, que provoca 200 mil mortes por ano no país. O Dia Mundial da Osteoporose, celebrado nesta quinta-feira (20), destaca a importância da prevenção e do diagnóstico com o objetivo de evitar complicações.

As causas e os tipos de osteoporose

A perda da massa óssea ocorre devido à redução da absorção de minerais e cálcio, o que gera uma deterioração da microestrutura do tecido ósseo.

É uma doença que geralmente ocorre em pessoas mais velhas. Dessas, as mulheres são mais acometidas que os homens, em decorrência da ausência do hormônio feminino estrogênio, que ocorre geralmente na fase pós-menopausa, levando a uma redução na formação óssea.

A doença se divide em dois tipos, primária e secundária. “A osteoporose primária é o tipo mais comum. Ela é marcada por alterações do nosso corpo que acontecem com o envelhecimento natural. O osso é um tecido vivo e, como qualquer tecido vivo, com o passar do tempo, diminui seu metabolismo”, explica o endocrinologista Sérgio Vencio, do Instituto de Neurologia de Goiânia.

O tipo primário ainda é dividido em dois outro tipos. A osteoporose pós-menopausa, também conhecida como tipo I da forma primária da osteoporose. Ela é encontrada apenas em mulheres, devido à rápida perda óssea que ocorre após a menopausa. Isso porque é na menopausa que o estrogênio deixa de ser produzido. Ele é um importante protetor e fortalece a estrutura óssea.

Já a osteoporose senil é descrita como tipo II dentro da osteoporose primária, onde a perda óssea ocorre lenta e gradativamente com o passar dos anos, tornando-se grave após os 70 anos. Pode acontecer tanto em homens quanto em mulheres. Os principais fatores estão relacionados à diminuição da produção de vitamina D pelo rim e pelo aumento na produção de paratormônio, na tireoide, sendo um dos principais hormônios que controlam os níveis sanguíneos do cálcio e fósforo no organismo.

Já o tipo secundário ocorre quando a osteoporose está associada a outras condições clínicas, como distúrbios endócrinos, do intestino, reumatismo, uso de medicações ou até mesmo por câncer.

“A osteoporose causada por alterações hormonais geralmente está relacionada a alterações da tireoide, como o hipertireoidismo. Os distúrbios de intestino gerados pela cirurgia bariátrica ou por doenças inflamatórias intestinais podem ainda ser suficientes para alterar a estrutura óssea. Medicamentos como vitamina A e heparina podem alterar o metabolismo do osso e também causar fragilidade. Porém, a forma mais comum de osteoporose secundária é causada pelo uso dos corticoides, que, quando utilizados por muito tempo, diminuem a formação de osso novo e reabsorvem o osso existente no corpo”, explica o endocrinologista.

Diagnóstico e tratamento

Estimativas revelam que a população brasileira propensa a desenvolver osteoporose aumentou de 7,5 milhões, em 1980, para 15 milhões, em 2000. No Brasil, são escassos os dados precisos sobre a prevalência da osteoporose e incidência de quedas e fraturas, assim como sobre custos relacionados a essas ocorrências.

O ortopedista José Gomide, do Instituto de Neurologia de Goiânia, explica que os sintomas na fase inicial são discretos e quase não aparecem, sendo detectados já em uma fase avançada, quando a pessoa apresenta deformidades nos ossos, seguida de dor ou apresenta uma fratura. O diagnóstico pode ser feito a partir da investigação clínica e confirmação através de um exame chamado densitometria óssea, que define a massa óssea.

“A prevenção da osteoporose se dá primeiramente com a ingestão de cálcio regularmente e vitamina D. Sem essa vitamina, a absorção do cálcio fica prejudicada. A atividade física também estimula a formação de massa óssea. Já o tratamento é feito por meio do ajuste da dieta, atividade física e uso de medicamentos apropriados”, salienta o ortopedista.

“Além disso, a suplementação de estrogênio e os moduladores seletivos do receptor de estrogênio podem aumentar a massa óssea e diminuir o risco de fraturas espinhais, já os bifosfonatos orais e intravenosos podem também diminuir significativamente a incidência de fraturas da coluna vertebral e do quadril”, completa Vêncio.

Prevenção

A prevenção da osteoporose deve começar na infância, de acordo com especialistas. Vários fatores podem influenciar para a saúde dos ossos, entre eles as questões genéticas, nutricionais, hormonais e o estilo de vida.

“Desde a infância é necessário que a criança tenha uma boa ingestão de cálcio, que é encontrado, principalmente em leite e seus derivados. Os níveis de vitamina D também precisam ser adequados, sendo o sol a principal fonte de absorção. A vitamina K e o magnésio complementam as fontes necessárias para ossos saudáveis e essas recomendações valem para crianças e adultos”, afirma a endocrinologista Lorena Amato.

No caso da vitamina D, além do sol, ela pode ser encontrada em peixes com maior índice de gordura e cogumelos. Entre os alimentos ricos em vitamina K estão a couve e demais vegetais de folhas verdes, amora, ovos e carnes.

A especialista afirma que a atividade física é uma grande aliada para manter a saúde óssea. Segundo Lorena, os exercícios que trazem mais benefício são aqueles que têm o impacto, que causa a tração do músculo no osso, como a musculação e a corrida, por exemplo.