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Dois homens são resgatados em situação análoga à escravidão em Frei Miguelinho, no Agreste

Dois trabalhadores de 53 e 46 anos, que não tiveram o nome divulgado pela Polícia Civil, foram encontrados em situação análoga à escravidão no Sítio Gavião, zona rural da cidade de Frei Miguelinho, Agreste de Pernambuco. O caso aconteceu nesta quarta-feira (15). De acordo com o delegado Humberto Pimentel, responsável pelo caso, as equipes chegaram até o local por meio de uma denúncia recebida pelo Disque 100.

Ao g1 o delegado informou, que o homem de 53 anos aparenta ter transtornos mentais e morava no local de trabalho, que funciona em uma granja. O delegado disse, que ele era proibido de sair do espaço, tendo em vista que devia um valor ao proprietário. No quarto onde o trabalhador dormia e se alimentava foram encontrados ratos e sujeira.

“Não tinha água para consumo. O trabalhador morava no local que era destinado a guardar o material elétrico da granja. O homem de 53 anos não soube informar há quanto tempo estava no local. Acredito, que ele estava trabalhando e vivendo em condições análogas à escravidão há menos de um ano, disse o delegado Humberto Pimentel.

Já o segundo homem, de 43 anos, que segundo a Polícia Civil, também foi encontrado em situação análoga à escravidão, passava alguns dias no local morando e trabalhando, e tinha a permissão de voltar para casa, que fica perto da granja. O delegado ainda disse ao g1, que o proprietário da granja reside em São Paulo e que o gerente foi autuado em flagrante pelo crime previsto no artigo 149.

“O gerente da granja vai responder ao crime previsto no artigo 149 do Código Penal, que trata da situação dos trabalhadores, que vivem em situação análoga à escravidão. Ele pode pegar uma pena de até 8 anos. Vai passar por audiência de custódia nesta quinta-feira, disse o delegado Humberto Pimentel.

O homem de 43 anos voltou para casa dele, já o de 53 será acolhido por uma equipe da Prefeitura Municipal de Frei Miguelinho, conforme disse o delegado. O g1 também conversou com o advogado Rômulo Martins, que representa o gerente da empresa, que foi autuado em flagrante e conduzido a delegacia para prestar esclarecimentos.

“É um fato bastante incomum acontecer, de fato houve essa denúncia de situação análoga à escravidão, mas o que a gente observa, de acordo com o que o meu cliente trouxe é que não existe esse trabalho escravo e os funcionários que estão aqui na delegacia recebem o salário mensalmente, até mais que o salário mínimo, assim como também recebem a alimentação”, disse o advogado Rômulo Martins.

Questionado sobre o fato dos trabalhadores não terem carteira assinada e precisarem pagar pelo próprio alimento, sendo por muitas vezes descontado do salário, ele respondeu:

“É uma situação que precisava ser verificada com o dono da empresa. A alimentação era fornecida pela empresa. Não sei se era descontado do funcionário. Precisa ser verificado com o gestor da empresa”, disse o advogado.