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FAKE NEWS: Vídeo editado faz crer que Bolsonaro disse que cortará salários e aposentadorias em 25%

Uma fala do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) circula nas redes sociais e nas chamadas do PT no rádio foi editada para fazer crer que ele disse que irá cortar salários de servidores, pensões e aposentadorias em 25% e que essa seria uma proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes. Na fala completa, dada em sabatina promovida por SBT, CNN Brasil, Nova Brasil FM, O Estado de S. Paulo, Terra e Veja, o mandatário se referia a um acordo feito com os governadores em 2020 para suspender reajustes salariais por 18 meses. Isso evitaria os cortes nas remunerações, medida que Bolsonaro dizia não aprovar.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 600 mil visualizações no TikTok e centenas de compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (25).

Não é verdade que o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que irá cortar em 25% salários de servidores, pensões e aposentadorias, e que a medida foi proposta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O vídeo que circula é uma versão editada e fora de contexto de uma declaração do mandatário durante sabatina promovida por SBT, CNN Brasil, Nova Brasil FM, O Estado de S. Paulo, Terra e Veja na sexta-feira (21).

Na fala completa (aos 17m16), Bolsonaro comenta sobre um acordo feito em 2020 com governadores para congelar salários por 18 meses como compensação a estados e municípios pela perda de arrecadação provocada pela pandemia. Na entrevista, Bolsonaro diz que, na época, havia uma outra proposta, apresentada pela Câmara dos Deputados, de um corte de 25% nos pagamentos, que ele afirmou ser contra. Confira abaixo a fala original do presidente:

“No tocante aos servidores públicos, foi em comum acordo com todos os 27 governadores, o congelamento dos salários por dois anos. Todos os governadores toparam isso, e até que havia uma outra proposta, que tinha vindo da Câmara dos Deputados, da mesa, concedendo um corte linear de 25% nos salários, pensões e aposentadorias, de todo mundo, civis e militares, e eu fui uma daquelas pessoas que fui contra isso.”

A declaração de Bolsonaro sobre o corte linear de 25%, no entanto, é imprecisa. O mandatário se refere a uma proposta apresentada em março de 2020 pelo deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) que previa uma redução escalonada nos salários dos servidores para mitigar o impacto nos cofres públicos das medidas adotadas durante a pandemia. O projeto foi arquivado pela Câmara dos Deputados no mês seguinte.

Para os que ganhavam até R$ 5.000, não haveria redução; para os que recebiam até R$ 10 mil, haveria corte de 10%; já para os que ganhavam mais de R$ 10 mil, a diminuição ficaria entre 20% e 50%. A redução teria duração inicial de três meses, podendo ser prorrogada por mais três. O texto, no entanto, não previa o corte generalizado de 25% nos salários dos servidores, como Bolsonaro afirmou na sabatina.

A citação a Guedes foi extraída de um outro ponto da entrevista (aos 18m29), em que Bolsonaro fala sobre a taxação de lucros e dividendos de quem ganha acima de R$ 400 mil para garantir o reajuste do salário mínimo e manter o pagamento de benefícios sociais, como o Auxílio Brasil. Confira abaixo a fala original de Bolsonaro:

“O Paulo Guedes tem me garantido que o recurso virá da questão dos dividendos, onde seriam taxados aqueles que ganhassem mais de 400 mil por mês, que não pagam nada de imposto no momento. Então, quem, por exemplo, ganha 600 mil, vai ser taxado em cima dos 200; até os 400, isento para todo mundo. Isso é a proposta do Paulo Guedes, que é uma pessoa que eu confio plenamente na condução da economia brasileira.”

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