Festival Pernambuco Meu País reúne multidão em Arcoverde com programação cultural gratuita
O Festival Pernambuco Meu País, promovido pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-Pe) e da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), atraiu mais de 37 mil pessoas entre os dias 23 e 25 de agosto em Arcoverde, no Sertão do estado, segundo informações da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE). O evento ofereceu 11 países que abraçam diversas linguagens culturais e múltiplas atrações, garantindo entretenimento gratuito para o público.
Quem esteve na Praça da Bandeira, o polo principal do Festival, desfrutou da oportunidade de assistir a artistas pernambucanos e nacionais de altíssima qualidade. Na sexta-feira (23), o palco recebeu o espetáculo Pernambuco Meu País (PE), Luana Tavares (PE), Negra Li (SP) e Francisco El Hombre (SP). No sábado (24), foram as apresentações de Berinho (PE), Lipe Lucena (PE), Nanara Bello (PE) e Matheus Fernandes (CE) que encantaram o público. Por fim, no domingo (25), Lia De Itamaracá (PE), Clayton Barros (PE), Jorge Du Peixe (PE) e Capital Inicial (DF) encerraram o final de semana com chave de ouro.
Como já é tradição, o espetáculo Pernambuco Meu País abriu os trabalhos do palco homônimo na sexta-feira (23), misturando diversos ritmos da cultura popular pernambucana com outras linguagens artísticas como circo, dança e artes cênicas. Com direção musical de Jam da Silva e direção coreográfica de Maria Paula Costa Rêgo, o espetáculo presta uma reverência a dois ícones eternos da nossa cultura: Naná Vasconcelos e Abelardo da Hora, homenageados do festival Pernambuco Meu País. O espetáculo foi criado especialmente para o festival e traz em seu cerne referências às artes desses dois mestres pernambucanos.
Ainda na sexta-feira, foi a vez de Luana Tavares trazer o seu canto da mata. Natural de Goiana, Zona da Mata Norte de Pernambuco, Luana usa seus versos e melodias para cantar sobre o seu lugar no mundo e sua essência, misturando leveza e intensidade para falar sobre aceitação, pertencimento e empoderamento negro e feminino. O repertório foi composto por canções autorais como “Boca da Mata”, “Bem me quero” e “A flor da pele”. Além de releituras de canções de outros artistas como “Banho de folhas” de Luedji Luna.
“Hoje eu estava conversando com um morador daqui de Arcoverde e ele me falou o quanto é importante receber um festival como este. Estou muito feliz de fazer parte disso”, declarou Luana.
Logo depois foi a vez de Negra Li subir ao palco, trazendo toda a força e atitude do rap. A apresentação começou com o sucesso “Vai na fé”, e logo a plateia se animou, dançando e cantando junto em músicas como “Olha o menino”, “Paz interior”, “Você vai estar na minha” e “Guerreiro e Guerreira”. Negra Li também prestou uma homenagem ao cantor Chorão, da banda Charlie Brown Júnior, ao interpretar “Não é sério”.
“Foram três horas de avião e quatro horas de estrada para chegar aqui. Valeu cada segundo, estou muito feliz de fazer parte disso”, declarou Negra Li do palco.
Finalmente, a banda Francisco el Hombre tomou o palco e agitou o público. Com uma década de trajetória, o grupo anunciou uma pausa na carreira e, por isso, está em uma turnê de despedida. Quem estava em Arcoverde teve a sorte de assistir a uma das últimas apresentações da banda que contou com “Calor da rua”, “Triste, louca ou mar” e “O dólar vale mais que eu”. O público também conferiu o novo hit “Segunda-feira”.
“Poder pisar aqui pela primeira vez foi uma experiência incrível. E nessa reta final, não tem como não ficar emocionado, né? A cada show que passa, percebemos que temos pouco tempo para ficar juntos”, disse Sebastianismos, baterista da banda.
No sábado (24), a noite teve início com Berinho, que trouxe a animação do forró ao palco. Natural de Caruaru, Berinho encantou o público com um repertório que mesclou clássicos e sucessos mais recentes do gênero, incluindo “Quatro semanas de amor”, “A morte do vaqueiro”, “Lembrança de Um Beijo” e “Anjo querubim”.”Estou muito honrado em participar do Festival Pernambuco Meu País. Preservar a nossa cultura é fundamental, pois são as nossas raízes. Precisamos garantir que ela permaneça viva para as próximas gerações, para que nunca se perca.”, afirmou Berinho.
Depois foi a vez de Lipe Lucena chegar com o seu repertório diversificado unindo forró, sertanejo e brega funk em uma única apresentação. “Engravidou vai ter um menino”, “Hoje Dói”, “Só fé” e “Meio termo” fizeram parte da setlist. “Agradeço a todos de Arcoverde que vieram prestigiar nosso show. É uma alegria imensa para toda a minha equipe. Notei que a plateia era composta tanto por pessoas mais maduras quanto por uma galera mais jovem, então fiz questão de incluir músicas para que todos pudessem curtir”, comentou Lipe ao falar sobre seu repertório.
Para elevar ainda mais a energia da noite, Nanara Bello subiu ao palco com uma série de hits do brega funk. Canções como “Tu Tava Na Revoada”, “Parecia Tempestade”, “Forró e desmantelo”, “Piração”, “Eu vou sentar” e “Baile de favela” fizeram os arcoverdenses dançarem sem parar. A cantora, que iniciou sua carreira em renomadas bandas de forró, tem conquistado seu espaço com uma voz poderosa e uma presença de palco marcante. Natural de Arcoverde, Nanara expressou sua felicidade por participar do festival. “Preparei o repertório com muito carinho, porque a minha terra sempre merece algo especial”, afirmou.
Por fim, Matheus Fernandes encerrou a noite com chave de ouro. O cantor, que tem se destacado no cenário musical brasileiro com sua mistura envolvente de forró e sertanejo, empolgou o público com uma apresentação cheia de energia e hits que todos adoram cantar. Conhecido por sucessos como “Baby Me Atende” e “Coração Cachorro”, Matheus mostrou todo o seu talento e carisma no palco. Com uma carreira em ascensão desde seu início no Ceará, ele vem conquistando cada vez mais fãs pelo Brasil. No repertório, não faltaram músicas como “Baby me atende”, “Lapada dela”, “Triplex” e “Tem café”.
“Estar em Pernambuco é sempre motivo de alegria. A gente roda o país todo fazendo show, graças a Deus, mas a nossa raiz está aqui no nordeste”, declarou Matheus.
No domingo (25), quem abriu a noite foi a sereia de Itamaracá Lia de Itamaracá com sua ciranda sem fim, boleros e cocos. A rainha da ciranda desfilou uma série de hits do seu trabalho autoral, entre clássicos absolutos e músicas do seu mais recente álbum. No palco, ela fez piada com uma vizinha imaginária numa música, saudou as vacinas brasileiras e brincou com o público.
Em seguida, um filho da terra, o cantor e compositor Clayton Barros apresentou seu novo show, “Primitivo Atemporal”, pela primeira vez em sua cidade natal. O músico que é um dos líderes do Cordel do Fogo Encantado se apresentou com uma banda formada por Felipe Weinberg (bateria), Nego Henrique (percussões), Jadson Bactéria (contrabaixo) e Thiago Rad (guitarra). O repertório incluiu doze composições autorais, incluindo Faroeste, Barco Sem Rumo, Flor de Vulcão e a faixa-título Primitivo Atemporal, além de Boi Luzeiro e Chover, que foram lançadas pelo Cordel do Fogo Encantado, com coautoria de Barros e Lirinha.
Pela primeira vez em Arcoverde com seu Baião Granfino, o cantor Jorge Du Peixe mostrou porque o álbum foi considerado um dos melhores dos últimos anos. Com releituras modernas e muito próprias do repertório de Luiz Gonzaga, rei do baião, Jorge provou ser um profundo conhecedor de música, em especial da produzida no Nordeste.
Também foi a estreia da banda Capital Inicial em Arcoverde e o público local parecia que desejava esse show há muito tempo. Já com muitos anos de carreira, a Capital Inicial mostrou porque alcançou esse status na praça da bandeira de Arcoverde. Foi um desfile de sucessos um atrás do outro sem pausa ou tempo pra respirar. Dinho Ouro Preto segue em plena forma e cada vez mais solto do que nunca no palco, interagiu, cantou e dançou com um público lotado que veio abaixo cada vez que um novo hit era cantado.
Além do palco principal, quem passou por Arcoverde também pode aproveitar nos demais polos muitas atividades que abraçaram a nossa cultura nas mais diversas linguagens, como as realizadas no País das Conexões Criativas, País da Cultura Alimentar, País das Brincadeiras, País do Circo, País das Culturas Populares, País das Artes Cênicas, País da Música, País da Música Instrumental, País das Conexões Urbanas e País da Literatura.
País da Literatura, País das Culturas Populares, País das Conexões Urbanas, País da Música, País das Artes Cênicas e País das Conexões Visuais.
Na manhã da última sexta-feira (23), por exemplo, foi realizada no País da Cultura Alimentar uma intervenção gastronômica dedicada ao Bolo de Noiva, reconhecido recentemente como Patrimônio de Pernambuco. O professor de gastronomia, Rodrigo Rossetti conduziu a oficina e destacou a importância da preservação das tradições culinárias e a transmissão desses conhecimentos para as novas gerações.”Diferente do Bolo de Rolo, que precisa obrigatoriamente ter goiabada, o Bolo de Noiva pode ser feito de várias maneiras, seja com cacau, com refrigerante, ou sem nenhum desses ingredientes, todas as opções são válidas”, explicou.
No sábado (24), no do País das Conexões Visuais, na Galeria de Arte do SESC Arcoverde, três exposições ficaram expostas durante o Festival Pernambuco Meu País: duas de artes visuais e uma de fotografia. A de artes visuais foi a “Retratos do Sertão: Um Olhar Fotográfico sobre a Cultura Popular” de John Wesley e as de fotografia são: exposição Encantados de Allan Luna e a exposição Retrato Oco de PV Ferraz.
Na Estação de Cultura ainda houve a vivência Lambidaço do artista Nando Zevê. “A ideia foi valorizar a diversidade que está dentro das artes visuais, no Sesc são exposições que misturam as artes visuais mesmo. Teve também escultura, pífanos, xilogravuras, para além das fotografias”, explicou Mekson Dias, assistente administrativo de Artes Visuais da Secretaria de Cultura de Pernambuco.
No domingo (25), o frevo e o breaking estiveram presentes em Arcoverde. Com apresentações na Praça Virgínia Guerra, o País das Conexões Urbanas teve como atrações o espetáculo O Frevo, do Grupo Guerreiros do Passo; e o Batalha All Style Convidado, da Federação Pernambucana de Breaking. Já na comedoria do Sesc-PE, outra atração no polo do festival foi a montagem Omo Iya, de Natasha Disantiago.
Trajados de vestimentas de trabalhadores dos anos 1950, eles apresentaram ao público arcoverdense o resultado de anos de pesquisa sobre a origem do frevo, com explicações didáticas e lúdicas sobre o contexto da época se alternavam, encantando todos os presentes.
O Festival Pernambuco Meu País passará ainda pelo município de Buíque (30 de agosto a 1º de setembro). Em todas as cidades, estão sendo realizados shows, espetáculos teatrais e circenses, exposições visuais, mostras de cinema, intervenções artísticas e muitas outras atividades de linguagens como artesanato, design e moda, gastronomia e literatura, de forma gratuita, para todas as idades.
O Festival Pernambuco Meu País é realizado pelo Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura (Secult-PE) em conjunto com a Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Contando ainda com apoios das prefeituras das oito cidades que receberão o evento, assim como das Secretarias de Meio Ambiente (Sema-PE), de Saúde (SES-PE), da Mulher (SecMulher-PE), de Defesa Social (SDS) e de Turismo (Setur-PE), além da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur), da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe), do Conservatório Pernambucano de Música (CPM) e também da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).