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Inmet tem corte de funcionários por falta de orçamento; crise impacta previsão climática


O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet ) teve corte no quadro de funcionários em todo o país por falta de orçamento. De acordo com a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), no sábado (15), venceram os contratos de 40 dos 208 funcionários terceirizados do instituto — o que representa 60% dos meteorologistas e 100% dos analistas.

Nesta segunda-feira (17), os terceirizados não trabalharam. Segundo o diretor do Condsef, Ismael José César, “há alguns anos o Inmet está em situação de abandono”. Ele conta que em alguns estados, além do corte de pessoal, faltam computadores e até papel.

“O instituto é importante para o agro, turismo, transporte aéreo, navegação, pra muitos setores, e esse corte afeta o serviço prestado, não pelos trabalhadores, que se esforçam para garantir a qualidade do trabalho, mas é humanamente impossível atender todo o país com poucos servidores. A situação é trágica”, diz Ismael.
O Inmet, ligado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), é o órgão responsável pela previsão e monitoramento do tempo, além da emissão de avisos meteorológicos especiais para todo o país. O g1 entrou em contato com a pasta e com o instituto, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

Os colaboradores terceirizados souberam do corte no dia 22 de maio, quando todo o quadro operacional do Inmet recebeu um aviso prévio de que os contratos seriam encerrados em meados de junho. Além dos meteorologistas e analistas, houve corte em 50% da assessoria de comunicação nacional e 100% da internacional, além de técnicos administrativos e observadores meteorológicos, entre outros, diz a Condsef.

De acordo com o diretor da Confederação, a sede em Brasília foi a menos atingida. Porém, segundo ele, “teve distrito que restou apenas um meteorologista”.

“O Inmet vem perdendo orçamento ano após ano, desde que perdeu autonomia como instituição, quando deixou de responder diretamente ao gabinete do ministro e passou a ser subordinado às secretarias (…). Desde 2020, o orçamento destinado ao Inmet tem sido insuficiente para manter suas atividades até o fim do ano de exercício. Este ano o orçamento não permitiu chegar sequer ao fim do primeiro semestre”, diz Ismael.
Riscos por falta de informação

De acordo com Ismael José César, 20% das estações meteorológicas do país precisam de reparo e não encaminham informações com precisão por falta de manutenção. A Condsef disse que mandou documentos para três ministérios e para a Secretaria-Geral da Presidência da República informando a situação do instituto e pedindo uma reunião emergencial com o corpo técnico do Inmet para “deliberar sobre alguns assuntos”.

A confederação alerta para os riscos que possíveis falhas de informação podem causar.

“Isto é temeroso especialmente diante o agravamento de eventos extremos, como por exemplo o quadro caótico pelo qual passa o Rio Grande do Sul, com mais de uma centena de mortes, e as chuvas excepcionais ocorridas no litoral paulista em fevereiro de 2023, com dezenas de mortes. Além das recorrentes ondas de calor observadas nos últimos anos”, diz o texto.

Na carta, o Consef diz ainda que as 40 vagas previstas para o próximo concurso “são insuficientes diante da importância das catástrofes climáticas, para um país de dimensões continentais”. Em 2015, um concurso, que previa 242 vagas, “já eram apontadas como insuficientes à época”, foi suspenso.

Do g1

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