Verão estendido em julho, quando seria inverno; e tempo instável desde agosto, entrando pela primavera. Sazonalmente, a transição de temperatura contribui para o aumento da incidência de quadros virais em São Paulo. Números dos últimos 30 dias da Secretaria de Estado da Saúde mostram um crescimento de 20% nos atendimentos de pronto-socorro nos hospitais da capital referência de atendimento pediátrico, o Darcy Vargas e o Cândido Fontoura. Durante esse período do ano, segundo o governo, é comum o aumento de hospitalizações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em crianças.
Os dados indicam ainda que, em todo estado, de 22 de julho a 20 de setembro, foram notificados 1.256 casos de SRAG em crianças de 5 a 11 anos de idade, o que representa 85,4% a menos do que no mesmo período do ano passado. A redução expressiva se deve à base de comparação, tendo em vista que os números anteriores refletem a pandemia da covid-19. Segundo o governo paulista, 35% dos cerca de 550 leitos pediátricos de enfermaria voltados para covid-19 estão ocupados. Em relação aos leitos pediátricos de UTI, a ocupação é de 33% dos 250 existentes.
“Este ano seguiu mais ou menos o fluxo pré-pandemia, de volumes, mas a gente viu realmente uma fase de um adenovírus mais virulento, trazendo mais internações, mais quadros associados de broncoespasmos, conjuntivites, muitas vezes com quadros respiratórios e gastrointestinais, ou seja, com diarreia e vômito também”, explica Thiago Gara Caetano, coordenador da pediatria do Hospital São Luiz, da Rede D’Or. Ele destaca que em setembro os casos de adenovírus começaram a refluir e deram espaço para o Influenza.
No Hospital Anália Franco, também da Rede D’or, nos últimos 6 meses, o adenovírus predominou por 2 meses, com apresentação respiratória e/ou gastrointestinal, sendo comum na faixa etária de 2 a 6 anos em média. Atualmente, percebe-se o crescimento dos quadros relacionados ao Influenza, com alteração da faixa etária, em geral acima de 8 anos de idade. “Sem uma grande virulência. A gente não está vendo grandes complicações, [sem] pneumonias associadas”, acrescenta.
Os dados da Prefeitura de São Paulo também mostram a diminuição dos casos de SRAG por adenovírus. De janeiro a setembro, foram registrados 32.362 casos de SRAG, dos quais 417 foram causados por adenovírus, confirmados seja por testes rápidos antígenos (TRA) ou diagnóstico molecular (PCR). Nos últimos 3 meses, os testes positivos para SRAG por adenovírus foram de 65 em julho, 36 em agosto e 27 em setembro.
Fonte: Agência Brasil