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Veja o que é #FATO ou #FAKE nas declarações dos candidatos ao governo de PE na 3ª semana de campanha

Os candidatos ao governo de Pernambuco deram continuidade à campanha eleitoral no estado nesta terceira semana após o registro oficial das candidaturas.

Eles postaram em redes sociais, falaram no horário eleitoral na TV e no rádio e participaram de entrevistas e outros eventos.

A equipe do Fato ou Fake checou as principais declarações dadas durante a semana pelos candidatos que aparecem numericamente à frente na última pesquisa Ipec. A ordem dos candidatos segue a da pesquisa.

Leia as checagens da primeira semana:

 

Marília Arraes (Solidariedade)

““[Pernambuco tem] mais de 300 mil habitações em déficit. Só no Recife, são 71 mil habitações em déficit hoje.” (entrevista à TV Globo, em 31/08)

#NÃOÉBEMASSIM: Veja por quê: De fato, Pernambuco tem um déficit de 326.844 residências, segundo levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) junto à Ecconit Consultoria Econômica, com dados de 2019.

Porém, ainda segundo este estudo, o déficit na capital é de 97.824 residências, número mais alto que o citado pela candidata. Se forem considerados os casos de dívidas excessivas com aluguel, que atingem 80.072 famílias, o total chega a 177.896 somente na capital.

O número de déficit habitacional na capital citado pela candidata, de 71 mil, pode se referir ao índice encontrado em um estudo com dados de 2017, feito pela prefeitura, que afirmava que havia déficit de 71.160 moradias no Recife. A equipe do Fato ou Fake levou em consideração os dados da Abrainc e da Ecconit, já que eles são mais atualizados (2019).

 

Raquel Lyra (PSDB)

““Em Pernambuco, 70% da população não têm acesso à coleta de esgoto.” (postagem nas redes sociais, em 31/08)

A declaração é #FATO. Veja por quê: Dados levantados pelo Instituto Trata Brasil mostram que, em Pernambuco, só têm acesso à coleta de esgoto 30,8% dos moradores do estado. Os dados foram levantados com base no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

 

Anderson Ferreira (PL)

“Reduzimos o número de cargos comissionados e de secretarias, otimizamos a gestão, e o que se viu foi Jaboatão ser premiada por dois anos consecutivos pela ONU por excelência em gestão pública.” (postagem nas redes sociais, em 29/08)

 

#NÃOÉBEMASSIM: Veja por quê: O candidato realmente reduziu o número de secretarias e de cargos comissionados ao tomar posse na prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, em 2017. Ao longo dos seus cinco anos e três meses de mandato, porém, ele voltou a aumentar o tamanho da máquina pública do município.

Em dezembro de 2016, último mês da gestão Elias Gomes, a Prefeitura de Jaboatão tinha oito secretarias (incluindo a Controladoria Geral do Município) e 1.460 cargos comissionados. Esse número diminuiu para seis secretarias municipais e 967 comissionados em maio de 2017, no primeiro ano da gestão Anderson.

Já em dezembro de 2021, três meses antes de o candidato deixar o cargo, o município voltou a ter oito secretarias municipais, mesmo número da gestão Elias. O número de cargos comissionados era de 1.253, um número mais elevado do que o encontrado no início da gestão Anderson, mas, mesmo assim, mais baixo que o da gestão anterior.

Em relação aos prêmios, é fato que Jaboatão recebeu duas vezes o United Nations Public Service Awards, prêmio concedido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em reconhecimento à excelência na gestão pública. O município levou o prêmio nas edições de 2019 e 2020 pelos seus programas de coleta de lixo e de cursos preparatórios para estudantes que desejam ingressar no ensino técnico.

 

Miguel Coelho (União Brasil)

“[Pernambuco] virou o estado mais violento do Brasil, junto com o Rio de Janeiro.” (em entrevista ao g1, em 26/08)

#NÃOÉBEMASSIM: Veja por quê: No primeiro semestre deste ano, Pernambuco teve a maior taxa de crimes contra a vida do país: 19,2 mortes para cada 100 mil habitantes, de acordo com dados do Monitor da Violência, do g1.

O segundo lugar, porém, não é ocupado pelo Rio de Janeiro, mas, sim, pela Bahia (17,6 assassinatos a cada 100 mil habitantes). O Rio de Janeiro apareceu apenas em 20º lugar, com 8,7 crimes violentos a cada 100 mil habitantes.

Já considerando o número absoluto de assassinatos, Pernambuco aparece em segundo lugar e, o Rio de Janeiro, em quarto, como é possível ver abaixo:

1º Bahia: 2.630 vítimas;

2º Pernambuco: 1.854 vítimas;

3º São Paulo: 1.592 vítimas;

4º Rio de Janeiro: 1.515 vítimas.

O Monitor da Violência também mostrou que, em 2021, Pernambuco teve o terceiro maior número absoluto de mortes violentas do país. O estado que ficou em primeiro lugar, na verdade, foi a Bahia, com 5.099 crimes violentos. O Rio de Janeiro ficou em segundo, com 3.394. Pernambuco veio logo atrás, com 3.370, quase empatado com o Rio.

Quando se analisa a taxa, Pernambuco fechou o ano de 2021 em quarto lugar, com 34,80 crimes a cada 100 mil habitantes. O estado está atrás de Amazonas (36,80), Amapá (35,70) e Ceará (35,70). No Rio de Janeiro, a taxa foi de 19,40 crimes violentos para cada 100 mil habitantes.

Em outros levantamentos nacionais de violência, o resultado também difere do que foi dito pelo candidato. No anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Pernambuco fechou o ano de 2021 como o quinto em número de mortes violentas intencionais (3.368) e na taxa por 100 mil habitantes (34,8).

Segundo o mais recente Atlas da Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Pernambuco ficou em terceiro lugar no número de homicídios (3.474) e em nono lugar na taxa por 100 mil habitantes (36,4) no ano de 2019.

 

Danilo Cabral (PSB)

“Investimos muito além daquilo que, inclusive, determina a previsão da Constituição, quando fala ali de um mínimo de 12%. Nós investimos 17% dos recursos nossos na saúde. Só em 2021, foram mais de R$ 4 bilhões investidos em saúde.” (sabatina do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Pernambuco, o Sindhospe, em 31/08)

A declaração é #FATO. Veja por quê: O balanço fiscal de 2021 divulgado pela Secretaria da Fazenda mostra que o total de despesas do estado com saúde foi de R$ 4.639.328.012,05. O valor representa 17,21% das receitas de impostos e transferências constitucionais legais arrecadadas por Pernambuco ao longo do ano passado.

A exigência de um gasto mínimo de investimento em saúde foi criada pelo artigo 198 da Constituição Federal de 1988. O artigo 6º da Lei Complementar 141/2012 estipulou que, para os estados, esse valor mínimo deve ser de 12% da arrecadação.

 

*Com informações do G1.