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Pandemia faz número de transtornos mentais crescer no Brasil; 4 a cada 10 brasileiros desenvolveram ansiedade no ano passado

No Brasil e em toda a América Latina, as patologias da saúde mental tornaram-se um drama para o qual a sociedade está olhando cada vez mais e diante do qual está reagindo, ainda, segundo especialistas, com um envolvimento e dedicação muito aquém do tamanho do problema.

A opinião generalizada entre os que acompanham e trabalham com saúde mental na região é de que, nesse aspecto da pandemia, o pior está por vir.

“Não se pode mais ignorar os transtornos de saúde mental. Existem cada vez mais empresas que fornecem serviços de assistência psicológica ao mundo corporativo. Nos próximos meses veremos uma explosão de casos”, diz e a argentina Stella Maria Sanyan, diretora da área de saúde da consultoria internacional Williams Towers Watson (WTW).

De acordo com pesquisa realizada ano passado pela WTW, na qual foram entrevistados representantes de empresas do setor de saúde, a expectativa é de que nos próximos 18 meses os transtornos mentais cresçam mais do que qualquer outro tipo, e gerem mais despesas.

O alerta também foi feito pela Organização Pan-americana de Saúde, que assegurou que “é preciso fortalecer as respostas de saúde mental à Covid-19 com apoio psicossocial”. O documento mostrou que quatro em cada dez brasileiros desenvolveram ansiedade no ano passado.

Um dos ambientes onde o número de casos de pessoas com transtornos mentais se multiplicou nos últimos tempos é o das escolas. Desde 2016, Gilmar Carneiro trabalha como coach em psicologia positiva em estabelecidos educacionais do estado do Rio de Janeiro e sabe como a pandemia afetou a professores e trabalhadores da educação.

“As pessoas se sentem desamparadas, cansadas e sem saber lidar com todas as incertezas que nos rodeiam. Muitos estão exaustos de se sentirem mal, outros enfrentam dificuldades para voltar às salas de aula”, comenta Gilmar.

À frente do Instituto Felicidade Agora é Ciência, Andrea Perez, também aposta na psicologia positiva para formar profissionais que atuem, principalmente, no campo da prevenção.

Um de seus mantras é “não romantizar as emoções positivas”.

‘Vivemos o que eu gosto de chamar de neoliberalismo da felicidade. Essa ideia de que as emoções positivas resolvem tudo e de que nós somos os grandes responsáveis por mudar o mundo está, a meu ver, errada. Podemos fazer muitas coisas, mas todos precisamos de ajuda e precisamos reconhecer nossas vulnerabilidades. A tristeza faz parte”, amplia a especialista.

A consciência social sobre a necessidade de levar a sério a saúde mental, dizem os especialistas, está crescendo. Mas são, segundo todos, apenas os primeiros passos de uma longa caminhada.

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