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Milícias: Grupo político de ministra do Turismo mantinha tropa clandestina de PMs na prefeitura de Belford Roxo


O grupo político da ministra do Turismo Daniela Carneiro, a Daniela do Waguinho, mantinha policiais militares atuando clandestinamente na Prefeitura de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, segundo informa uma investigação interna da própria Polícia Militar. O prefeito é Wagner Carneiro, o Waguinho, marido da ministra. A investigação da PM, publicada no boletim interno da corporação de 21 de julho do ano passado, identificou nove agentes — sete sargentos e dois cabos — que trabalhavam em vários órgãos do município de forma ilegal, sem serem cedidos oficialmente pelo comando da PM.

Na prática, os agentes faziam uma espécie de “bico ilegal” na prefeitura. Todos foram nomeados para cargos comissionados em secretarias do município sem anuência ou o conhecimento da PM. Por isso, eles seguiam trabalhando normalmente nos batalhões em que eram lotados e batiam ponto em Belford Roxo em seus horários de folga — o que é “irregular”, segundo a PM. A investigação da corporação concluiu que “há indícios de cometimento de ato de Improbidade Administrativa pelo fato de (os policiais) terem acumulado o cargo na Prefeitura de Belford Roxo com o cargo de policial militar”.

Os PMs que trabalhavam ilegalmente na prefeitura eram os sargentos Claudio Marzo de Souza, Judimar Alves de Morais, Emerson Alves de Andrade, Adriano Macedo da Silva, Marcelo de Barros Dias, Tarcizio Ferreira Xavier e Clayton Gross Batinga e os cabos Luis Filippe de Jesus da Silva e Rafael da Fonseca Carvalho. A maioria passou quase dois anos, de 2017 a 2019, a serviço de Waguinho e seus aliados na prefeitura sem autorização da PM.

O caso veio à tona após o Jornal “Extra” revelar, em 2019, que sargento Clayton Batinga, nomeado para o cargo de secretário adjunto de Indústria e Comércio, compartilhava sua agenda junto com o prefeito Waguinho nas redes sociais, mesmo sem ser oficialmente cedido pela PM. “Ontem, estive junto com o prefeito Waguinho na inauguração da Unidade de Saúde da Família Dona Isaura, que tem como objetivo levar mais saúde de qualidade aos moradores da nossa cidade”, postou Batinga em março daquele ano.

Em 2020, o mesmo sargento apareceu num vídeo que viralizou nas redes sociais empurrando um professor na frente do hospital do município. Batinga é chamado pela vítima de “segurança”. A partir daí, a Corregedoria passou a investigar o caso — e descobriu que a prática era sistemática: vários dos “seguranças” da prefeitura eram PMs que não estavam cedidos oficialmente ao órgão.

Do Extra

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