Saúde

Novembro Azul: homens vão menos ao médico que mulheres; campanha incentiva cuidados

Após o Outubro Rosa, o Novembro Azul promove a conscientização para os cuidados à saúde do homem, com destaque para a prevenção e combate ao câncer de próstata. Neste ano, a ação tem como tema “Saúde também é papo de homem”.

Dados levantados pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) junto ao Ministério da Saúde mostram que mulheres vão ao médico mais do que homens. No ano passado, por exemplo, no Sistema Único de Saúde (SUS), foram 862 milhões de atendimentos para o público do sexo feminino contra 725,4 milhões do sexo masculino. Já neste ano, até junho, foram 379,4 milhões contra 312,4 milhões.

No primeiro semestre de 2022, foram 1,2 milhão de consultas de pacientes mulheres por ginecologistas e apenas 200 mil de pacientes homens por urologistas.

“Nós sabemos que as mulheres cuidam melhor da saúde e vão regularmente ao médico, mais do que os homens. Isso faz com que as mulheres tenham expectativa de vida de sete a oito anos a mais do que os homens”, aponta o presidente da SBU, Alfredo Canalini, à CNN.

Segundo o Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde, no ano passado, 16.055 homens brasileiros morreram de câncer de próstata, o mais incidente no sexo masculino depois do câncer de pele não melanoma e o segundo que mais mata, atrás apenas do câncer de pulmão. Ou seja, o país registrou 44 mortes por dia pela doença.

O Novembro Azul busca reduzir esses números ao convocar os homens para medidas preventivas e de diagnóstico, especialmente após o período da pandemia, que afetou os atendimentos.

O número de biópsias de próstata no SUS, por exemplo, caiu de 40.408, em 2019, para 31.888, em 2020 (-21%), primeiro ano da chegada do coronavírus. No Acre, essa queda chegou a 90% e, em Mato Grosso, a 69%. Em 2022, até agosto, foram 27.686 biópsias no país, com base em números do Ministério da Saúde.

A coleta do antígeno prostático específico (PSA), exame de sangue complementar ao diagnóstico, também apresentou redução na ordem de 27%. Em 2019, foram 5,7 milhões, contra 4,1 milhões no ano seguinte.

Os dados do Ministério da Saúde, obtidos a pedido da SBU, ainda mostram o reflexo da pandemia no tratamento do câncer: o número de cirurgias para a retirada da próstata caiu 21,5%.

O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia acredita que é um momento de retomada dos cuidados com a saúde, com uma atenção especial para a demanda reprimida.

Como são feitos a prevenção e o diagnóstico do câncer de próstata?
Segundo Alfredo Canalini, o primeiro passo é o exame de toque retal. Caso o médico sinta alguma alteração suspeita e haja dosagem do PSA com alteração significativa, o segundo passo é a biópsia para confirmação.

Esse processo é especialmente importante para três grupos de risco, que devem garantir uma rotina periódica de testes a partir dos 45 anos: homens negros; homens que tiveram parentes próximos com câncer de próstata, como pai, irmão ou avô; e ainda obesos. Para os demais homens, a avaliação do urologista é indicada a partir dos 50 anos.

“O diagnóstico precoce é que vai diminuir o número de mortes. Nesses casos, a chance de cura é muito grande, superior a 90%. O homem tem que perder o medo de ir ao médico. Uma imagem que eu gosto de usar é a de um carro. Às vezes, o homem tem aquele carro, olha o radiador, o óleo, a calibragem de pneus, mas não quer saber do seu próprio corpo. Se o carro quebrar, dá pra comprar outro. Saúde não é assim que funciona”, alerta.

Para este ano, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 65.840 novos casos de câncer de próstata, doença praticamente assintomática na fase inicial. Em uma fase mais avançadas, causa sinais como disfunção erétil, dificuldade para urinar e presença de sangue na urina.

A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor do homem. O bom funcionamento dela está ligado a um estilo de vida saudável, com exercícios físicos regulares, boa alimentação, controle de peso, sem fumo e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

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