Ciência

Ômicron: Reinfecção com a subvariante é rara, afirma novo estudo

Um estudo dinamarquês concluiu que a reinfecção pela Ômicron BA.2, a nova subvariante do coronavírus, é rara. O trabalho analisou os tipos de coronavírus encontrados em dinamarqueses que apresentaram dois testes positivos para Covid-19 num intervalo de 20 a 60 dias. Os pesquisadores perceberam também que a maioria dos reinfectados eram jovens não vacinados que apresentaram sintomas leves. As informações são da Agência O Globo.

A Dinamarca é um dos países com mais casos de Covid-19 causados pela Ômicron BA.2. De acordo com o estudo, a subvariante é responsável por 88% das infecções ocorridas no país desde o início de 2022.

Diante do aumento de casos de reinfecção em decorrência da propagação da Ômicron, os pesquisadores buscaram entender se a BA.2 era capaz de escapar da imunidade natural adquirida logo após uma infecção por BA.1 e, em caso afirmativo, se os novos diagnósticos estariam associados a alterações na gravidade da doença. Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), a reinfecção é definida como dois testes positivos em um intervalo inferior a 60 dias.

No país dinamarquês há um forte programa de testagem para o coronavírus. Pessoas com sintomas sugestivos de Covid-19, todos os pacientes que necessitam de hospitalização ou tratamento ambulatorial por qualquer motivo e profissionais de saúde são testados nos departamentos de microbiologia clínica que atendem hospitais públicos e privados e a atenção primária.

Os pesquisadores usaram como base 1,8 milhão de testes RT-PCR de Covid positivos feitos por dinamarqueses entre 21 de novembro de 2021 e 15 de fevereiro de 2022. Dentre eles, 1.739 pessoas apresentaram dois exames positivos no intervalo entre 20 e 60 dias. No entanto, em apenas 263 desses foi possível fazer o sequenciamento genético completo dos genomas dos coronavírus presentes nas amostras.

Os cientistas encontraram 187 testes cujo segundo exame deu positivo para BA.2, sendo que em apenas 47 deles (25%) o primeiro diagnóstico apontou para BA.1. Nos 140 demais, as pessoas tinham se infectado primeiro com a variante Delta e se reinfectado com a sub variante da Ômicron.

— Havia uma certa dúvida se era possível uma reinfecção por Ômicron, já que, em tese, a variante é uma só. Mas este estudo não deixa nenhuma dúvida de que uma pessoa que se infecta com a Ômicron pode ser infectada novamente pela BA.2. E isso pode ocorrer em um curto espaço de tempo. A pesquisa comprova que a BA.2 tem uma capacidade de escape imunológico tão grande que 20 dias depois ela já pode infectar de novo alguém que teve BA.1. O bom é que a reinfecção não é tão comum — comenta o médico geneticista Salmo Raskin, diretor do Laboratório Genetika, de Curitiba.

Em 50 pessoas cujos testes foram analisados no estudo, ambas infecções foram provocadas pela mesma variante: 30 diagnósticos duplos para Delta, 17 para BA.1 e 3 para BA.2.

estudo mostra que 89% das pessoas reinfectadas por BA.2 após um diagnóstico positivo por BA.1 não tinham tomado nenhuma dose de vacina contra a Covid-19. O percentual de reinfecção entre os vacinados foi bem menor: 4% naqueles que tomaram apenas uma dose e 6% nos que receberam duas doses. Nenhuma das pessoas que se reinfectaram com a sub variante da Ômicron tinha mais de 38 anos, sendo 15 a idade mediana. Isso mostra que a reinfecção por BA.2 afetou principalmente a faixa etária de crianças, adolescentes e jovens que ainda não se vacinaram.

— Diferentemente do que estudos em laboratório estavam indicando, este trabalho não relaciona a infecção pela BA.2 a uma maior gravidade da doença. Os dados mostram também que a maioria dos casos foi em pessoas não vacinadas, o que comprova que a vacinação gera uma proteção melhor do que uma infecção pelo coronavírus — afirma Raskin.

A Dinamarca começou a imunizar crianças a partir de 5 anos em dezembro de 2021. No país, cerca de 81% da população já recebeu duas doses da vacina e 62% já tomaram o reforço.

Nenhuma das 47 pessoas com reinfecções de Ômicron BA.2 após a BA.1 foi hospitalizada ou morreu durante o período de acompanhamento do estudo. A maioria delas relatou sintomas leves durante ambas as contaminações, como fadiga ou exaustão, dor de cabeça, nariz escorrendo ou entupido, redução de apetite, febre, calafrio, tosse, dor muscular ou nas articulações, sensação febril e dor de garganta, dentre outros.

 

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